Entre os significados listados para a palavra ordem no dicionário estão: ato de comandar, ato de arrumar, maneira de organizar as coisas, conjunto de leis e regras da sociedade.
Não conseguimos cravar a quais desses significados se referiram Jackson do Pandeiro e Severino Ramos de Oliveira quando compuseram a música A Ordem é Samba, lançada em 1966, mas podemos sim falar sobre o que a reafirmação desse título significa para nós.
No dia 24 de junho de 2023, foi hasteada no topo do edifício Dom João VI a bandeira do Samba da Volta, idealizada por Juliana Joannou, com a ajuda importante de Vitor Melo e Natasha Cabral. Antes de concorrer à votação pública que a consagrou como nova bandeira do Museu de Arte do Rio, a bandeira já se fazia presente nas edições da nossa roda de samba na Rua da Constituição, e chegou a passar pela Marquês de Sapucaí com a Beija-flor de Nilópolis no carnaval de 2023, gentilmente convidada pelo carnavalesco André Rodrigues para compor o desfile ‘Brava Gente! O grito dos excluídos no bicentenário da independência’.
Em todas as ocasiões, tivemos e temos na bandeira um símbolo do que levamos como norte. Como já dissemos muitas vezes, o Samba da Volta é uma reunião e um encontro de amigos apaixonados pelo samba. Quando, de forma coletiva, buscamos reverenciar os que vieram antes e criar histórias novas, é sempre sob a luz dele. O samba como forma de organização de vida é o lema de uma bandeira que não apenas acreditamos, mas testemunhamos: ganha vida quando a memória de um compositor sobrevive através das suas obras, quando um futuro diferente se desenha por causa da música, quando um momento ruim é amenizado pelo sentimento de comunhão.
O feito de ter essa bandeira hasteada em um lugar tão importante da nossa cidade é motivo de orgulho pela conquista e porque nos representa sim, mas também porque nos permite retribuir em carinho ao maior gênero musical do mundo. Nem que seja só um pouco, em troca do muito que ele fez registrando pessoas, fundando territórios, organizando vidas e jeitos de viver.
Sem a pretensão de representar o samba de uma forma direta, temos na bandeira uma síntese do sentimento de amor e devoção que temos a ele. Este sim é absoluto e se faz presente em cada passo da estrada em que caminhamos coletivamente como uma roda de samba apaixonada pelo céu que nos guia e cobre a cabeça, onde a medida das coisas possui apenas uma ordem de grandeza: o samba.
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